quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Estrela da Tarde




Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
e na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.

ARY DOS SANTOS (1937)

3 comentários:

MIM disse...

Impressionante! Temos gostos idênticos, tá-se mesmo a ver! :)

Elisabete Ferreira disse...

é sempre bom revermo-nos um pouco nos outros, ou pelo menos em alguns outros, eheh. Eu por mim fico contente com esta coincidência.
E porque não sou nada parcial,tenho a dizer-te que TEMOS MUITO BOM GOSTO! :P

Anónimo disse...

Não há tarde nem noite, tão pouco manhã, na intemporalidade dos sentimentos ou na beleza tão singela que irradia destas palavras. Embora qualquer um de nós possa já ter sido actor deste acto, nem todos seríamos capazes de o exprimir com tal mestria. OBRIGADA POR O TERES REAVIVADO