terça-feira, 11 de março de 2008

Fundo do mar



Fundo do mar

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,

Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinhoDos seus mil braços,

Uma flor dança,

Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.


Sophia de Mello Breyner Andresen

1 comentário:

MIM disse...

Não digas a ninguém... Mas eu adoro os poemas dessa senhora!
Beijoooooooo