domingo, 1 de novembro de 2009

R.I.P.


Hoje foi dia de visitar os mortos, de lhes prestar homenagem, ou, nalguns casos de mostrar aos outros que somos familiares saudosos e chorosos.


Esquecidos durante todo o ano, os mortos hoje viram o seu espaço de paz e sossego invadido por gentes de flores em punho, muitas delas de plástico para que perdurem no tempo que vai levar até à próxima visita.

Palavras , umas sussurradas, outras ditas e expressas claramente, umas para os vivos, outras para os que têm já os ouvidos surdos às vozes e às conversas que quase nunca interessam, muito menos a eles, mortos e enterrados e libertados do ruído com que nos poluímos uns aos outros.


Dores e saudades obrigatóriamente sentidas neste dia, por vezes só neste dia, por vezes durante anos inteiros sem olvido ou distração, amores que se partiram antes do tempo ou filhos que contrariaram as leis naturais e se deixaram enterrar pelos pais.


Conversas...conversas de cemitério. Umas tristes, outras nem tanto. Alguns risos. Hoje também , reencontram-se amigos e celebra-se a vida dos que ainda por cá estão e, que às vezes, só se encontram neste local de morte.


Hoje percebi porque é que os cemitérios têm muros e porta fechada à chave. Não é para que os mortos não fujam...eles estão em paz e respiram o silêncio merecido após tantos anos de ruído e palavras desperdiçadas, tantas e tantas vezes causadoras de tristeza e perturbação.

Hoje percebi que o cemitério está fechado para que não se perturbe essa paz merecida e para que os vivos não a perturbem em vão.


Ainda bem que só um dia por ano nos lembramos dos mortos, penso que eles nos perdoam e até nos perdoam por essa perturbação, afinal, também eles devem sentir alguma saudade nossa.

P.S. O dia de Finados é dia 2 de Novembro, no entanto é dia 1, por ser feriado, que normalmente se visitam os cemitérios e arranjam as sepulturas.

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